Fotos: Rian Lacerda (Diário)
As festas de fim de ano estão chegando e, com elas, milhares de veículos devem se deslocar pelas rodovias da Região Central para visitar familiares ou aproveitar as datas festivas rumo ao litoral gaúcho. Quem segue para o litoral norte ou catarinense conta com duas opções: a RSC-287 e a BR-290. Já quem vai em direção ao interior utiliza a BR-158. Para ajudar no planejamento da viagem e na escolha da melhor rota, o Diário conferiu a situação de cada uma.
RSC-287 com pedágio
Até Porto Alegre, são 289 km de extensão, utilizando o trecho conhecido como Tabaí–Canoas, na BR-386. O tempo médio de viagem é de cerca de 4h15min em condições normais de tráfego, com seis praças de pedágio: Santa Maria, Paraíso do Sul, Candelária, Venâncio Aires, Taquari, todas da Rota de Santa Maria, e Montenegro, da CCR Via Sul. Além do pagamento em dinheiro, as concessionárias aceitam Vale Pedágio, cartão de crédito, débito e pagamento automático via TAG. Para carros, o valor na 287 é de R$ 5,00 e, para motocicletas, R$ 2,50. Na 386, o valor é de R$ 5,50 para veículos leves e R$ 2,75 para motocicletas.
Ao longo de 2025, a rodovia passou por diversas obras que, embora visem à melhoria para os usuários, causam transtornos no tráfego. Até o dia 20 de dezembro, havia quase 20 pontos com pare e siga, com mais seis bloqueios momentâneos, dois desvios, uma pista interditada e um estreitamento de pista. Em compensação, as obras avançam com agilidade.
Para fins de comparação, o Diário percorreu a rodovia no mês de junho, quando a situação da ponte do Arroio Barriga no km167, obrigava os motoristas a esperar em pare e siga e utilizar um desvio improvisado. Atualmente, as obras avançaram, o bloqueio foi retirado e o desvio está asfaltado, operando nos dois sentidos.
O Diário questionou a Rota de Santa Maria sobre como irão funcionar as obras durante o período de maior movimento, e de acordo com a concessionário, devem ser realizadas somente em casos emergências. De modo geral, as condições da estrada entre Santa Maria e, pelo menos, o Arroio Barriga, onde fica o posto do Comando Rodoviário da Brigada Militar, e após a praça de pedágio de Paraíso do Sul são favoráveis. Não há grande quantidade de buracos consideráveis, mas desníveis são recorrentes em pontos onde houve tapa-buracos e em função do fluxo pesado.
A rodovia é carente de acostamentos em boas condições. Caso seja necessário parar, a situação pode se tornar perigosa, já que em alguns trechos não há camada de asfalto, restando brita e terra soltas.
Como ponto positivo, a RSC-287 concentra diversas empresas e localidades habitadas, algo que não ocorre nas demais rodovias percorridas pelo Diário. Há postos de combustível, restaurantes, mercados e cidades às margens da estrada, que acabam se beneficiando do aumento do movimento durante a temporada.
Em Agudo, um exemplo é o restaurante Da Colina, que registra aumento de até 50% no movimento durante o verão. Segundo o gerente Franciel Hamann, no cargo há nove anos, o espaço precisou ser ampliado para atender à demanda crescente, que inclui turistas argentinos.
Para quem pretende fazer uma parada, o restaurante oferece preços competitivos. Durante a semana, o quilo custa R$ 86,90, com opção de livre a R$ 47,90 no almoço. Nos fins de semana, o quilo passa para R$ 92,90 e o livre para R$ 57,90. Os pastéis partem de R$ 15.
Segundo o gerente, são dois períodos de maior movimento. No inverno, devido à gastronomia forte da região, o público procura bastante o restaurante. Já no verão, quando inicia o período de férias, o fluxo também aumenta. Apesar do público ser diferente, nos dois momentos o movimento cresce.
Vai para a praia e vai utilizar a rodovia? Confira os principais pontos a considerar entre a BR-290 e a RSC-287:
Pontos positivos
- Bastante comércio, postos e cidades no entorno
- Ambulâncias, guinchos e pontos de apoio gratuitos
- Rodovia com poucos problemas de buracos
Pontos negativos
- Rodovia pedagiada
- Diversos pontos com pare e siga, desvios ou bloqueios momentâneos
- Acostamento ruim e desníveis em vários trechos
Para quem vai viajar e prefere não utilizar a RSC-287, percorremos a BR-392 e a BR-290 para conferir a situação das rodovias que ligam a região Central à Região Metropolitana.
BR-392
Devido ao alto fluxo de veículos pesados, o trecho entre Santa Maria e São Sepé é, em grande parte, irregular, forçando o motorista a desviar constantemente. Na saída de Santa Maria há obras da duplicação que após o Trevo da Uglione já foi liberado nos dois sentidos. A depender da hora, o movimento é intenso e só melhora após o Bairro Passo das tropas. Durante todo o trajeto fora do perímetro urbano de Santa Maria, as ultrapassagens tornam-se um desafio e exigem atenção com as ondulações. Salvo as ondulações, felizmente não há tantos buracos.
Cenário muda após o entroncamento com a BR-290 até a chegada a Caçapava do Sul, motoristas ouvidos pela reportagem reclamam das condições, com presença de buracos e desníveis.
O caminhoneiro Francisco Felipe Dotto, de 64 anos, que utiliza o trecho com frequência, afirma que a rodovia está em bom estado, mas aponta problemas nas cabeceiras das pontes, que apresentam desníveis consideráveis. Segundo ele, o maior problema são os solavancos causados pelas irregularidades nessas estruturas.
O motorista também relata falta de sinalização em alguns pontos. Em trechos isolados onde foram feita recapagens, praticamente não há pintura horizontal no asfalto. Em relação ao acostamento, a avaliação é positiva, já que em grande parte está conservado, largo e sinalizado.
Durante o percurso, havia pelo menos duas equipes do Dnit realizando serviços de conservação de matos. Na metade deste ano, alguns pontos críticos com desníveis foram raspados após o trevo de acesso a Formigueiro. A rodovia conta com menos de cinco postos de combustível com restaurante e não possui pedágios. Há pelo menos três controladores de velocides em Santa Maria, Vila Block e São Sepé que de acordo com o Dnit estão em funcionamento.
BR-290 sem pedágio
Para seguir adiante em direção à Região Metropolitana, o acesso é pela BR-290. Somados aos 86 quilômetros da BR-392, o trajeto totaliza mais 220 quilômetros de extensão, a partir do Boqueirão até a BR-116, em Porto Alegre. O tempo médio de viagem é de quase três horas, sem cobrança de pedágio. Vale frisar que diferentemente do acesso direto pela RSC-287, o trajeto ocorre pela BR-392, passando por São Sepé, até o entroncamento com a BR-290, em Caçapava do Sul.
As condições do asfalto são melhores que as da BR-392, sem buracos ou desníveis significativos. O pavimento é mais novo e conservado. O acostamento é amplo e, em geral, está em boas condições, facilitando paradas eventuais. A velocidade permitida é de 100 km/h para veículos leves na maior parte do trajeto.
Em comparação com a RSC-287, a BR-290 é menos "habitada". Existem ao menos sete postos ao longo do caminho, alguns com banheiros, restaurantes e conveniências. No km 302, o Posto das Laranjeiras, da rede SIM, oferece opções de lanche e restaurante. Segundo funcionários, durante o verão o movimento aumenta consideravelmente, chegando a mais de 700 almoços nos dias de pico. Em dias normais, são cerca de 350. O valor é de R$ 48 o livre de segunda a sábado e R$ 55 aos domingos.
Por não ser pedagiada, a rodovia não oferece serviços de guincho. Há placas de SOS ao longo do trajeto, mas sem funcionalidade. O sinal de telefone funciona apenas em alguns pontos.
Vai para a praia e vai utilizar a rodovia? Confira os principais pontos a considerar entre a BR-290 e a RSC-287:
Pontos positivos
- Rodovia sem cobrança de pedágio
- Asfalto em boas condições e bem conservado
- Acostamento amplo e, em grande parte, em boas condições
- Velocidade permitida de até 100 km/h em grande parte do trajeto
Pontos negativos
- Poucas opções de comércio, postos e cidades no entorno
- Ausência de serviços de guincho e apoio ao usuário
- Placas de SOS sem funcionalidade efetiva
- Sinal de telefone instável em alguns trechos
BR-158
Já para quem deve se deslocar rumo ao interior do Estado, em especial para o Norte gaúcho, uma das principais vias é a BR-158 em que muitos motoristas consideram a em pior estado, mesmo com algumas obras paliativas feitas pelo Dnit.
O trecho percorrido pelo Diário é entre Santa Maria e Cruz Alta, justamento o pior trecho. No período de férias, costuma ser utilizada por quem viaja em direção ao norte do Estado e ao interior.
Nos últimos meses, foram realizadas melhorias em pontos críticos. Em junho, o Diário mostrou a situação da rodovia, marcada por desvios pelo acostamento, pneus furados e riscos à condução. Desde então, o cenário mudou parcialmente. Não há mais buracos como antes após operações de tapa-buracos. No entanto, devido ao intenso tráfego de veículos pesados, surgiram desníveis nos trechos recapeados, mantendo pontos críticos que levam motoristas a desvios arriscados pela pista contrária e pelo acostamento. Equipes do Dnit seguem atuando com serviços pontuais.
No trecho de 16 quilômetros entre Santa Maria e Itaara, as obras e o sistema de pare e siga, que funcionaram por sete meses, foram suspensos. Desde 3 de novembro, a pista está totalmente liberada, situação que deve permanecer ao menos até 6 de janeiro, quando o sistema deve voltar a operar.
Entre Val de Serra e Júlio de Castilhos, em um percurso de cerca de 30 quilômetros, há alternância entre trechos em boas condições e áreas irregulares, além de pontos sem pintura no asfalto após a recapagem. Cerca de seis quilômetros após Val de Serra, a pista apresenta boas condições, com asfalto mais recente. Em seguida, por aproximadamente oito quilômetros, reaparecem ondulações deixadas por intervenções anteriores. A situação melhora novamente na chegada a Júlio de Castilhos.
Já no trecho entre Júlio de Castilhos e o km 255 da rodovia, a situação se agrava. Motoristas ouvidos pelo Diário apontam como pior ponto o trecho entre a saída do município e o trevo de acesso a Tupanciretã, onde os desníveis dificultam até mesmo os desvios.
O professor da Universidade de Cruz Alta, Marco Ivan Rodrigues Sampaio, de 50 anos, utiliza o trecho quase diariamente e afirma que o asfalto é completamente irregular desde Itaara até Val de Serra. Segundo ele, o peso dos caminhões com carga excessiva contribui para a deterioração constante da pista, que é recapeada, mas pouco tempo depois volta a apresentar as mesmas irregularidades.
Por conta dos desníveis e buracos, não é incomum encontrar pedaços de pneus e molas de caminhão na pista. Durante a apuração do Diário, um caminhão que trafegava por um trecho irregular quebrou o eixo e acabou perdendo uma roda inteira na rodovia.